Dormir bem não é apenas uma questão de bem-estar, também contribui para um ar mais jovem e saudável.
A qualidade do sono tem um impacto profundo na saúde geral do organismo, e aqui se inclui a pele. Durante o sono ocorre a reparação celular, o controlo da inflamação e a manutenção da barreira cutânea. Estudos científicos demonstram que privação de sono está diretamente relacionada com o envelhecimento precoce, com o aumento da patologia inflamatória da pele e com o enfraquecimento da função de barreira da pele.
O ciclo do sono, especialmente a fase de sono profundo, é crucial para a reparação e regeneração dos tecidos. Durante esse período, há um aumento na produção da hormona do crescimento (GH), essencial para a renovação celular da pele. Um estudo publicado no Journal of Investigative Dermatology mostrou que os indivíduos privados de sono apresentavam uma redução na capacidade de recuperação da pele após exposição a danos ambientais, como radiação UV. Além disso, o sono promove um aumento na síntese de colagénio, proteína fundamental para a elasticidade e firmeza da pele. Uma pesquisa conduzida pela American Academy of Sleep Medicine revelou que voluntários com qualidade de sono reduzida apresentavam níveis mais baixos de colágeno e maior incidência de rugas e flacidez.
A privação crónica de sono leva a um aumento dos níveis de cortisol, que tem efeitos negativos na pele. O cortisol elevado contribui para o agravamento de condições como acne, psoríase e dermatite. A pele torna-se mais seca e mais sensível, mais sujeita a irritações.
Um estudo realizado pela University Hospitals Cleveland Medical Center demonstrou que mulheres com privação de sono apresentavam sinais de envelhecimento acelerado: linhas finas, tez com coloração irregular e menor elasticidade da pele. A evidência científica diz também que a privação de sono pode exacerbar olheiras e manchas escuras devido ao aumento da produção de melanina.
Agora uma curiosidade de que todos falam: dormir sempre para o mesmo lado causa rugas? Pois parece que sim! Dormir para o mesmo lado da face vai acabar por causar mais rugas e mais cedo, desse lado! As chamadas rugas do sono, inicialmente passageiras, passam a permanentes com o passar dos anos. A pressão prolongada sobre um lado do rosto pode diminuir a circulação sanguínea local, afetando a oxigenação e nutrição da pele, o que pode acelerar o envelhecimento nessa região. A repetição diária dessa posição acaba por ter um efeito mecânico prolongado que pode causar a degradação mais rápida do colagénio e da elastina desse lado! Como sabemos, são proteínas essenciais para a estrutura e firmeza da pele!
Por fim, resta referir que a relação entre a qualidade do sono e saúde da pele é claramente comprovada por estudos científicos. Dormir bem não é apenas uma questão de bem-estar, também contribui para um ar mais jovem e saudável, protege contra a inflamação e os danos ambientais. Estratégias para melhorar a qualidade do sono (manter uma rotina regular, evitar luz azul antes de dormir) e investir numa boa rotina de skincare pré-sono são essenciais para uma pele mais saudável e radiante.
Artigo publicado no Observador, a 15 de Março 2025
