A Hidrosadenite Supurativa é uma doença crónica da pele, debilitante, que envolve os folículos pilosos e as glândulas sudoríparas.
Afeta principalmente as regiões axilares, inguinais e anogenital e, dependendo da localização, pode causar cicatrizes anómalas, contraturas e até imobilidade. Como consequência, tem um impacto significativo tanto a nível físico quanto psicológico.
Embora afete sobretudo adolescentes e jovens adultos saudáveis, é raro que tenha início antes da puberdade. Normalmente, manifesta-se entre os 11 e os 50 anos, com uma média de idade de início aos 23 anos. A sua prevalência varia entre 1% e 2%, sendo mais comum em faixas etárias mais jovens do que em indivíduos com mais de 55 anos.
Não há predisposição associada a raças ou etnias, mas a densidade de folículos pilosos parece ter um papel importante. Além disso, a doença é mais prevalente no sexo feminino, muitas vezes associada a uma história familiar. Por outro lado, nos homens, embora os casos sejam menos frequentes, os episódios tendem a ser mais graves e frequentemente relacionados com a acne.
O início da doença é insidioso, manifestando-se inicialmente como um ligeiro eritema. Com o tempo, as lesões tornam-se dolorosas e caracterizadas pela supuração. Para além das manifestações cutâneas, podem surgir também manifestações osteoarticulares associadas.
O diagnóstico é clínico e baseia-se em três critérios principais: presença de lesões típicas, localização característica e recorrência (mais de duas recorrências da doença num período de seis meses).
Em casos ligeiros, utilizam-se tratamentos conservadores; porém, nos casos mais graves, a abordagem indicada é a excisão alargada da área afetada, seguida de reconstrução. Antes de qualquer intervenção cirúrgica, é essencial estabilizar clinicamente o doente com o apoio de Dermatologia. Este processo inclui terapias tópicas e/ou sistémicas, como antibióticos, corticoides e agentes biológicos. Desta forma, na altura da cirurgia, a inflamação está controlada e minimizada, o que facilita tanto a eliminação do tecido afetado como a preservação do tecido circundante.
Apesar dos avanços no tratamento, a fisiopatologia da doença ainda não está completamente esclarecida. Pensa-se que a oclusão do folículo piloso, seguida de dilatação e posterior rotura da unidade pilossebácea, desempenhe um papel importante. Entre os fatores que podem influenciar a doença, destacam-se a suscetibilidade genética, o tabagismo, a obesidade, alterações endócrinas e fatores microbiológicos.